Olá Amigo & Viajante!!!
Embaladas pelos festejos dos 25 anos da queda do Muro de Berlin
(Berliner Mauer), resolvemos dar uma parada breve com o nosso tour pela
Itália, para dar uma “passadinha” pela Alemanha!!!
Nosso primeiro destino foi a capital Berlin, no auge do invernão
europeu, em fevereiro de 2013. Ficamos 5 noites, hospedadas na região
#superbemlocalizada de Mitte, no lado oriental. Partindo dali foi possível
fazer muitos passeios a pé. Mas como a cidade é um pouco espalhada, e para
ganhar tempo, também utilizamos bastante o transporte público. Não que fosse um
problema, muito pelo contrário. O sistema é composto por um emaranhado de
linhas de trens rápidos de superfície (os S-Bahn), metrô (U-Bahn), tram
(bondinho elétrico) e ônibus, que formam uma rede extensa e totalmente
integrada, com tarifa unificada. Sem contar a pontualidade, que não é
britânica, mas é alemã (!!!), onde 5 minutos já é considerado um atraso grave. Eficientíííssimo!!!
Excelente!!! Um exemplo “daquelas” coisas que chamam a atenção quando a gente
viaja e que dá “aquela” inveja. Sem mais.
Portão de Brandenburgo, Berlin 2013 |
O período mais fervilhante da história de Berlin é bem recente. E
bem intenso. Nos seus últimos 150 anos ela foi a capital do Reino da Prússia,
do Império Alemão, da República de Weimar e do Terceiro Reich. Passou por
guerras, foi bombardeada, destruída, dominada, dividida e reunificada. E
poderíamos pensar que por todos estes motivos ela deveria ser uma cidade
sombria, que vive amargurando as tristezas de seu passado. Mas não!!! Ela (assim como
toda a Alemanha) se reconstruiu e se reinventou!!! E não esconde nada... Faz
questão de mostrar claramente todas as suas feridas, sempre enfatizando “para
que isto nunca mais se repita”. É impossível dissociar Berlin da sua história. A
prova são os inúmeros museus, monumentos, memoriais espalhados pela cidade que
retratam estes seus diferentes momentos. E além disso, hoje é considerada o
centro cultural, científico, político e econômico da Europa. Uma cidade de
vanguarda em todos os seus aspectos. Berlim é vibrante!!!
Fernsehturm (Torre de TV) e Weltzeituhr (Relógio Mundial) Alexanderplatz, Berlin 2013 |
A seguir o nosso “TOP 5” Berlin...
- A memória do Nazismo: O Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães (Partido Nazista) chegou ao poder na Alemanha, neste período
ainda República de Weimar, em 1933, quando Adolf Hitler se tornou chanceler. Através
do uso de uma propaganda nazista fortíssima ele explorou as frustrações da sociedade
alemã, apresentando os judeus como os principais causadores dos problemas
sociais e econômicos do país. Durante a 2ª Guerra Mundial, a ideia transtornada
do Führer (líder, como ele se auto intitulava) sobre a supremacia do homem
branco germânico culminou com o Holocausto, o genocídio de mais de 6 milhões de
judeus. Milhares de pessoas de outros grupos étnicos, políticos e sociais
considerados “indignos da vida” (definição usada pelos nazistas para justificar
os assassinatos), como ciganos, poloneses, homossexuais, comunistas,
prisioneiros de guerra, deficientes mentais e físicos, testemunhas de Jeová...,
também foram exterminados. Em 1945 Hitler se matou, a guerra acabou e os
prisioneiros que restavam nos campos foram libertados. Os sobreviventes, sem
ter para onde voltar e com suas famílias dizimadas, ainda enfrentaram um longo
e difícil caminho para se restabelecer.
Em Berlim, vários locais retratam o período nazista e, por mais
terrível e triste que possam parecer, são bem interessantes de se conhecer.
A monumental Keiser Wilhelm Gedächtniskirche (Igreja Memorial) foi
praticamente transformada em pó pelos bombardeios a Berlin durante a 2ª Guerra.
E depois de vários protestos contra a sua demolição, decidiu-se por manter a
sua ruína (uma única torre, onde hoje se encontra o memorial) e integrá-la a uma
nova e moderna igreja. Passou a ser um dos maiores símbolos da destruição
causada pela guerra e uma das atrações mais famosas de Berlin.
Escultura "Berlin" de Brigitte e Martin Matschinsky e ao fundo Igreja Memorial Keiser Wilhelm sendo restaurada, Berlin 2013 |
O museu memorial Topographie des Terrors (Topografia do
Terror) se encontra no terreno da antiga sede da Gestapo (a polícia secreta
nazista). Neste grande espaço foi construído o Dokumentationszentrum Topographie des Terrors (Centro de Documentação), que abriga uma rica e completa exposição
cronológica desde a ascensão até a queda do regime nazista, com documentos,
painéis, fotos, jornais da época, recursos audiovisuais... Para quem gosta de
história, como nós, é super enriquecedor.
Topografia do Terror, Berlin 2013 |
Próximo ao Portão de Brandenburgo está localizado o grandioso Denkmal für die ermordeten Juden Europas (Memorial dos judeus
mortos da Europa ou também chamado de Memorial do Holocausto de Berlin). É um
espaço de 19000 Km2, com 2711 blocos escuros de diferentes alturas,
distribuídos em fileiras sobre uma superfície ondulada. No subterrâneo tem um
anexo, o Ort der Information (Local de Informação), onde estão descritos os nomes de todos os
judeus mortos durante a guerra que se tem conhecimento, inúmeros relatos
biográficos, com fotos, artigos pessoais, correspondências trocadas entre as
famílias, cartas de despedida... Se prepare para chorar litros.
É impossível não se emocionar.
Memorial dos judeus mortos da Europa, Berlin 2013 |
- A memória do Comunismo: Com o fim da 2ª Guerra Mundial o comando
da Alemanha derrotada foi dividido entre os aliados vencedores. E Berlin encravada
no território que viraria a Alemanha Oriental também foi dividida. Uma parte
sob o comando comunista da antiga União Soviética, e a outra sob o comando da
união dos capitalistas Estados Unidos, França e Inglaterra. Na madrugada
do dia 13 de agosto de 1961 a República Democrática da Alemanha (Alemanha Oriental)
ergueu uma barreira física para circundar todo o território da República
Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental) em Berlin.
Mapa da divisão e do Muro de Berlin (linha vermelha) Checkpoint Charlie, Berlin 2013 |
A cidade se tornou o
símbolo da divisão do mundo em dois blocos político-econômicos totalmente
antagônicos e em nenhum outro lugar a Guerra Fria se manifestou tão
intensamente. Não se sabe ao certo quantos mortos, feridos e prisioneiros foram
capturados tentando atravessar os postos de fronteira e até mesmo pular o muro,
mas foram centenas. Em 9 de novembro de 1989 as fronteiras foram abertas pela
Alemanha Oriental e em clima de celebração o “Muro foi derrubado” (quem não
lembra das imagens na TV?!?!). Um ano depois a Alemanha foi reunificada.
Por toda a cidade existem ainda pedaços originais do Muro, áreas
reconstruídas e em alguns trechos está marcado no chão (como uma cicatriz) o
percurso que ele fazia quando estava erguido.
Percurso do Muro marcado no chão, Berlin 2013 |
O Checkpoint Charlie foi o mais famoso (retratado em vários filmes)
posto militar de fronteira para passagem de estrangeiros que tinham a permissão
de cruzar da Alemanha Ocidental para a Oriental. Com a reunificação ele foi
removido e uma reprodução da cabine foi colocada no mesmo local da original.
Hoje é uma das principais atrações turísticas de Berlin. Logo à frente o Mauermuseum narra a história do Muro e de como as pessoas tentavam fugir de um
lado para o outro.
Se quiser, tire uma foto com os "soldados americanos" Checkpoint Charlie, Berlin 2013 |
Quando o muro foi construído, em alguns locais do seu trajeto se
encontravam casas e prédios residenciais. Este foi o caso da emblemática rua
Bernauer (Bernauerstrasse). O impacto foi tão devastador na vida dos moradores,
que desesperados eles pulavam das janelas de seus apartamentos para o pavimento
inferior que pertencia a Berlin Ocidental, quando muitos acabaram morrendo ou
se ferindo gravemente. Com o tempo as janelas e portas que ficavam em frente ao
muro foram fechadas com tijolos, para que as pessoas não olhassem e nem
tentassem fugir para o outro lado. Hoje, nessa região estão localizados bem próximos o Mauerpark (o parque onde ainda existe um trecho do Muro original preservado,
que na verdade eram 2 muros separados pela “zona da morte”), o Gedenkstätte Berliner Mauer (Museu Memorial do Muro de Berlin, a céu aberto no Mauerpark) e o Dokumentationszentrum Berliner Mauer (Centro de Documentação, conta a história do Muro, principalmente
no que se refere à Bernauerstrasse).
O Muro de Berlin (que na verdade eram 2) e a "zona da morte" vistos da torre do Centro de Documentação do Muro de Berlin, Bernauerstrasse, Berlin 2013 |
Mas a parte mais leve e alegre relacionada ao Muro de Berlin é a East Side Gallery, no lado oriental. Onde mais de um quilômetro do Muro foi
preservado ao longo do Rio Spree e transformado em uma imensa galeria de arte
com centenas de painéis coloridos pintados por artistas de todo o mundo. As
pinturas serviriam para documentar um tempo de mudanças e expressar a euforia
de um futuro melhor e livre para todas as pessoas.
Painéis coloridos pintados no Muro de Berlin, East Side Gallery, Berlin 2013 |
O beijo dos líderes comunistas Erich Honecker (Alemanha Oriental) e Leonid Brezhnev (URSS), painel pintado por Dmitry Vrubel, East Side Gallery, Berlin 2013 |
- Ilha dos Museus: a Museumsinsel é uma ilha formada
no rio Spree, onde antigamente se localizavam casarões e palácios da
aristocracia alemã. Hoje abriga, além da Catedral de Berlin (protestante), alguns museus como o
Bode Museum, Altes Museum, Neues Museum e o Alte Nationalgalerie. Mas se for
para escolher um não deixe de visitar o Pergamonmuseum (compramos os ingressos na hora). Ele abriga estruturas
da antiguidade exibidas em tamanho original como o Altar de Pérgamo, o Portão
da Entrada do Mercado de Mileto e a Porta de Ishtar, que dava acesso à cidade
da Babilônia. Magnífico!!!
Altar de Pérgamo do séc. II a.C., levado da Turquia e reconstruído no Pergamonmuseum, Berlin 2013 |
- Orquestra Filarmônica de Berlin: Seu primeiro concerto foi
realizado em 1882, e de 1955 a 1989 foi regida pelo que é considerado um dos
maiores maestros de todos os tempos, Herbert von Karajan. Na nossa humilde
opinião, a Berliner Philharmoniker é a joia mais preciosa
de Berlin!!! E um programa imperdível para quem visita a cidade (compre os
ingressos antecipadamente pelo site). Tivemos a sorte
de assistir ao concerto da famosa violinista alemã Anne-Sophie Mutter interpretando
Antonín Dvorák, acompanhada pela Filarmônica e regência do maestro Manfred
Honeck. Simplesmente Wunderbar!!!
Philharmonie, a "casa" da Filarmônica de Berlin, Berlin 2013 |
Concerto da violinista Anne-Sophie Mutter com a Filarmônica de Berlin Philharmonie, Berlin 2013 |
- Compras em Berlin: A cidade é uma das capitais europeia mais em
conta para nós que temos reais ($$$$). E são vários os lugares em que se pode
colocar tal questão em prática, mas se não for esta a ideia eles também podem
render somente ótimos passeios. Dos que nós conhecemos... A Kurfürstendamm
(Kudamm como eles chamam) tem mais de 3 Km de extensão e abriga desde lojas de
luxo até as mais populares. Na continuação desta avenida se encontra a “gigantemegaloja”
de departamentos KaDeWe. A Potsdamer Platz é uma região bem turística, e além do moderníssimo
complexo Sony Center e do shopping Arkaden tem várias opções de bares, restaurantes
e hotéis.
Sony Center, Potsdamer Platz, Berlin 2013 |
Mas onde passamos praticamente todos os dias foi na Friedrichstrasse,
pois era caminho para o nosso hotel. É uma área muito movimentada por turistas
e locais, com comércio bem diversificado e para todos os bolsos. Tem até uma
filial das Galeries Lafayette de Paris. Nós adoramos a livraria Dussmann KulturKaufHaus, de 4 andares que ocupa quase uma quadra. Ela é maravilhosa e
ficamos uma tarde inteira só ali!!! Uma de suas ruas perpendiculares é a Unter den
Linden, a mais famosa avenida de Berlin que abriga muitas lojas e lindíssimos
prédios históricos. Tanto a Friedrichstrasse como suas imediações também tem
ótimas opções de restaurantes e quase sempre terminávamos o dia por lá, comendo
um Currywurst, um Schnitzel e claro tomando uma original Bier alemã.
O tradicional Schnitzel, Berlin 2013 |
Aguarde, pois este assunto
fundamental será aprofundado em um próximo post.
Auf Wiedersehn!!!
Fabrícia Hoff & Laura Santos
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